Aneurismas são dilatações anormais das artérias, que podem crescer e romper, provocando extravasamento de sangue no cérebro. Artérias são os vasos sanguíneos que levam sangue aos órgãos. Elas têm paredes com várias camadas, incluindo camadas musculares fortes, que permitem resistir à pressão do fluxo sanguíneo que passa dentro delas, mas podem ter pontos de fragilidade. Os aneurismas se formam em pontos de fragilidade das artérias.
De forma simplificada, os aneurismas podem ser comparados a bolhas que se formam numa mangueira de jardim, por exemplo. Os aneurismas se desenvolvem a partir da dilatação progressiva na parede arterial, muitas vezes em formato de “bexiga” ou “saco”. Por isso, o tipo mais comum de aneurisma cerebral é chamado aneurisma sacular. Nos locais dos aneurismas, as paredes são mais fracas e podem romper com a pressão do fluxo sanguíneo sobre ela.
Os aneurismas se desenvolvem a partir da dilatação progressiva na parede arterial, muitas vezes em formato de “bexiga” ou “saco”. Por isso, o tipo mais comum de aneurisma cerebral é chamado aneurisma sacular. Nos locais dos aneurismas, as paredes são mais fracas e podem romper com a pressão do fluxo sanguíneo sobre ela.
Quando um aneurisma rompe, permite a saída de sangue para o cérebro, causando um tipo específico de acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico.
Números dos Aneurismas
Aneurismas estão presentes em 3 a 5% da população. Sabemos que certos grupos populacionais tem maior chance de ter aneurisma.
Veja alguns fatos e estatísticas sobre os aneurismas cerebrais:
- Pessoas acima de 40 anos tem maior chance de ter aneurismas. A prevalência aumenta com a idade, assim como o risco de ruptura.
- Mulheres tem mais aneurismas que homens, numa proporção de 3 mulheres para cada 2 homens.
- Mulheres também tem maior risco de ruptura, especialmente após os 55 anos de idade.
- Afroamericanos e hispânicos tem o dobro de risco de ruptura de aneurismas comparados aos brancos.
- A maioria dos aneurismas são pequenos e não rompem.
- 20 a 30% dos portadores de aneurisma tem mais de um aneurisma.
- Aneurismas que rompem são fatais em cerca de metade dos casos. Dos sobreviventes, dois terços permanece com sequelas neurológicas.
- Aproximadamente 15% dos pacientes com aneurisma roto morrem antes de chegar ao hospital.
- Os aneurismas rotos correspondem a 3 a 5% dos casos de AVC.
Ilustração exemplificando como é o aspecto em “bolha” de um aneurisma cerebral sacular.
Ilustração exemplificando como é o aspecto em “bolha” de um aneurisma cerebral sacular.
Tipos de Aneurismas Cerebrais
Os aneurismas cerebrais podem ser de vários tipos, dependendo do seu formato, do mecanismo causador e das características da sua parede.
Tratamento endovascular de aneurismas cerebrais
Esse procedimento é realizado com anestesia geral, em aparelho de angiografia, sob visualização de raio-X, através de um acesso arterial (um furinho na região da virilha). Atualmente a técnica mais utilizada para tratamento dos aneurismas é a Endovascular ou minimamente invasiva, na qual através de uma punção, são utilizados fios guias, cateteres, stents, molas e outros agentes de embolização para fazer o tratamento do aneurisma.
São utilizados cateteres-guia para cateterização (cateterizar significa: “navegar por dentro de um vaso”).
Ao término do procedimento, o paciente é acordado da anestesia e permanece em internação hospitalar por aproximadamente mais 36 horas;
As técnicas endovasculares mais comuns para tratamento dos aneurismas são:
Esses diferentes tipos de aneurismas tem diferentes riscos de romper. Suas características precisam ser avaliadas ao decidir o tratamento.
Os principais tipos de aneurismas são:
Tipo de aneurisma mais comum, em formato de “bolha” ou “saco”. Acontece principalmente nas bifurcações das artérias ou na origem de seus ramos. Tem um formato característico com um “pescoço” ou “colo” e um “domo”. Podem crescer e romper e são a causa mais comum de hemorragia subaracnoide.
Aneurisma Fusiforme
Aneurismas fusiformes são dilatações de toda a circunferência da artéria, sem um colo bem definido. São menos comuns e, em geral, tem menor risco de sangramento do que os aneurismas saculares.
Dependendo da localização e do tamanho, podem causar sintomas compressivos na região em que estão localizados.
Aneurisma Dissecante
Aneurismas dissecantes são formados pela laceração da artéria, num processo chamado de dissecção arterial. O resultado é extravasamento de sangue entre as camadas arteriais, que provoca sua dilatação. Por não terem todas das camadas em sua parede, são considerados falsos aneurismas ou pseudoaneurismas.
Podem causar hemorragia cerebral e AVC isquêmico.
Aneurisma Blister
O aneurisma blister é um tipo raro de aneurisma que geralmente se forma na parede lateral da artéria, comumente na carótida interna. Tem pequenas dimensões e formato de “blister”. Apesar do seu tamanho, tem alto risco de sangramento.
Aneurisma Micótico
Aneurismas micóticos são dilatações que acontecem em artérias menores e mais distantes na circulação craniana. São causados por infecções, como endocardite. Muitas vezes são múltiplos e possuem alto risco de sangramento. Existe ainda uma outro tipo de alteração que pode ser confundida com os aneurismas, mas tem comportamento e risco diferente: as dilatações infundibulares.
Causas dos aneurismas cerebrais
Os aneurismas são causados pela soma de fatores que leva ao enfraquecimento da parede da artéria e permite sua dilatação, principalmente a hipertensão (pressão alta) e o tabagismo. Um dúvida comum sobre aneurismas é se são congênitos, ou seja, se já nascemos com aneurisma ou se eles surgem ao longo da vida. A resposta é que o aneurismas cerebrais são lesões adquiridas na maior parte dos casos. Ou seja, que desenvolvem-se ao longo da vida, como resultado de uma combinação de fatores:
- Hemodinâmicos (devido ao fluxo sanguíneo): a pressão e o estresse da passagem do fluxo de sangue por dentro dos vasos pode precipitar a formação de aneurismas em certos locais.
- Individuais (características hereditárias): algumas características de cada pessoa, como doenças hereditárias, predispõem a formação de aneurismas.
- Ambientais (como hábitos de vida): hábitos de vida como o hábito de fumar aumentam o risco de ter aneurisma.
Os aneurismas se formam principalmente devido ao estresse da passagem do fluxo sanguíneo sobre as paredes das artérias. Os fatores que alteram essa dinâmica podem levar a aneurismas.
Por exemplo, a pressão alta aumenta o estresse sobre a parede do vaso, enquanto o tabagismo ou várias doenças genéticas podem alterar a composição e a resistência da parede da artéria, facilitando a formação dos aneurismas.
A anatomia dos vasos cerebrais também tem relação com a formação dos aneurismas. Todo o nosso sistema de artérias esta interligado e, no cérebro, o fluxo sanguíneo chega por quatro artérias que se ramificam progressivamente formando um complexo e completo sistema arterial chamado de polígono de Willis.
As regiões de bifurcação e de ramificação das artérias são os locais onde o fluxo de sangue é mais turbulento. Por isso, são os principais locais onde se formam os aneurismas.
Esse processo é muito complexo e depende também de variáveis que às vezes não conhecemos. Tabagismo e hipertensão não controlada estão entre os principais fatores de risco para formação, crescimento e ruptura de aneurismas.
Certas doenças genéticas podem aumentar a chance de ter aneurismas cerebrais, seja por provocar enfraquecimento das artérias, seja por outras vias não tão bem conhecidas. As principais são:
- Doença policística renal
- Síndrome de Ehlers-Danlos
- Neurofibromatose do tipo 1
- Síndrome de Marfan
- Pseudoxantoma elástico
- Displasia fibromuscular
Outras causas menos comuns de aneurismas são traumas, infecções, tumores, abuso de drogas, malformações arteriovenosas, etc.
Quais os sintomas do aneurisma cerebral?
Os sintomas dos aneurismas podem ser divididos em dois momentos: antes de romper e quando rompe.
Sintomas dos Aneurismas que não romperam
Aneurismas cerebrais são lesões silenciosas e não causam sintomas antes de romper na maioria dos casos. Já quando rompem, causam dor de cabeça intensa e outras alterações conforme a gravidade.
Aneurismas não rotos grandes podem comprimir estruturas próximas, como nervos, e provocar sintomas como:
- Visão dupla
- Visão borrada e perda de visão
- Dilatação da pupila em um dos olhos
- Queda da pálpebra
- Formigamentos
- Dor na face e dor de cabeça.
Sintomas do Aneurisma que Rompeu
Mas o quadro mais grave do aneurisma ocorre quando ele rompe e se torna uma emergência médica. Nessa situação, chamada de hemorragia subaracnoide, que é um tipo de AVC hemorrágico, a pessoa apresenta uma dor de cabeça muito intensa, muitas vezes descrita como uma pancada na cabeça e a pior dor da vida!
Além da dor de cabeça da hemorragia subaracnoide, o rompimento do aneurisma pode causar outros sintomas:
- Náuseas e vômitos
- Confusão
- Sonolência excessiva
- Perda de consciência, às vezes transitória
- Convulsões
- Dor ou rigidez do pescoço
Dependendo da gravidade e da localização do sangramento causado pelo rompimento do aneurisma, o paciente também pode apresentar fraqueza de um lado corpo, alteração de fala, dificuldade de equilíbrio e dificuldade para andar e até coma e morte antes mesmo da chegada ao hospital.
Cefaleia Sentinela: Aviso de Ruptura Iminente
Em alguns casos, o portador de aneurisma apresenta uma dor de cabeça muito forte, dias a semanas antes da ruptura do aneurisma. É a chamada “cefaleia sentinela” ou “dor de cabeça sentinela” e pode indicar microssangramento ou mudanças na parede do aneurisma. Essa dor indica a necessidade urgente de investigação e tratamento.
Dor de cabeça muito intensa e que foge do padrão é um sinal de alarme que precisa ser investigado com urgência.
Como dor de cabeça é uma queixa muito comum que na maioria das vezes não indica outras doenças graves, existem formas de identificar quais dores são mais preocupantes. Escrevemos sobre isso no nosso artigo: “Quando se preocupar com a dor de cabeça e procurar um médico“.
Como um aneurisma é diagnosticado?
A maior parte dos aneurismas são diagnosticados durante exames realizados na investigação de outras condições, como dores de cabeça, por exemplo. Isso acontece porque, como vimos, a maioria dos aneurismas não causa sintomas, mas exames como angiotomografia e angioressonância podem mostrar os aneurismas.
Mesmo que exista suspeita de aneurisma com base na história clínica e no exame físico, a realização de exames de imagem é obrigatória para confirmar o diagnóstico.
Os exames indicados são aqueles que estudam os vasos sanguíneos, como:
- Angiotomografia (angioTC, CTA) de crânio
- Angioressonância do crânio/encéfalo (angioRM/MRA)
- Angiografia cerebral
A tomografia e a ressonância são exames não invasivos e angiografia cerebral, que é minimamente invasiva, é o melhor exame para diagnosticara e avaliar as características do aneurisma.
Aneurismas muito grandes podem até vistos em exames normais do parênquima do cérebro, mas só exames próprios são capazes de mostrar em detalhes os vasos cerebrais, como os citados acima.
Quais os riscos dos aneurismas cerebrais?
O principal risco de um aneurisma cerebral é romper e causar hemorragia subaracnoide, que é uma complicação greve e potencialmente fatal. Por isso, precisamos avaliar caso a caso a fim de identificar o risco de hemorragia para cada paciente.
Nem todo aneurisma cerebral diagnosticado necessita de tratamento imediato, mas sempre deve ser avaliado quanto ao seu risco de ruptura.
Isso depende de muitas características, tanto do aneurisma quando do paciente, como idade do paciente e seu estado de saúde, localização e tamanho aneurisma, características da anatomia do aneurisma, história de sangramento de outros aneurismas do paciente ou familiares próximos, entre outros, além do próprio desejo do paciente em receber o tratamento.
Por exemplo, sabemos que aneurismas maiores que 5 a 7mm oferecem maior risco de rotura e esse risco é maior quanto maior for o aneurisma, mas aneurismas pequenos também podem romper.
Além disso, aneurismas cerebrais que apresentam características irregulares ou que apresentam crescimento ao longo do tempo também são mais propensos a romper e devem ser tratados com prioridade.
Aneurismas que já romperam devem ser tratados sempre que possível, pois apresentam risco muito elevado de romper de novo. Paciente com familiares que já tiveram hemorragia aneurismática também estão sob maior risco.
Por outro lado, pacientes em tratamento de doenças graves, podem precisar priorizar o tratamento dessas doenças mas depois considerar o tratamento do aneurisma.
Por isso, o risco de cada um e a indicação de tratamento só podem ser definidos após uma avaliação individualizada, com um especialista em aneurismas cerebrais.
Tratamento dos Aneurismas Cerebrais
Antes de romper, o aneurisma pode ser acompanhado com exames de imagem ou tratado de duas formas principais: a cirurgia convencional (cirurgia aberta) e o tratamento endovascular (minimamente invasivo).
Em algumas situações, é preferível manter observação do aneurisma, com realização de exames periódicos. Em todos os casos, é importante realizar o controle de fatores de risco, como parar de fumar e controlar bem a pressão arterial.
Ambas as formas de tratamento tem o mesmo princípio, que é impedir a entrada de sangue no interior do aneurisma e, assim, impedir que cause hemorragia cerebral.
A cirurgia convencional ou clipagem é um procedimento mais invasivo em que o neurocirurgião coloca um clipe metálico em volta do aneurisma através de uma abertura na pele e no osso, que permite visualizar o aneurisma por inteiro. Por isso, é um tipo de cirurgia que requer maior manipulação do cérebro e mais tempo de recuperação, mas é efetiva se corretamente realizada.
Por outro lado, no tratamento endovascular, também conhecido como embolização, o neurorradiologista intervencionista oclui o aneurisma por dentro dos vasos, com auxílio de cateteres e outros disposivitos que são inseridos pela virilha ou punho e levamos até o aneurisma. Durante todo o procedimento, os movimentos são visualizados em tempo real com uso de raios-X.
Por ser minimamente invasivo, o tempo de internação do tratamento endovascular é mais curto e a recuperação é mais rápida que no tratamento convencional. É um tratamento seguro e eficaz. Na maioria dos casos, é a melhor opção para tratar aneurismas cerebrais, considerando segurança, eficácia e comodidade.
Clipagem ➜ Cirurgia Aberta ➜ Neurocirurgião
Embolização ➜ Minimamente Invasivo ➜ Neurorradiologista Intervencionista
A melhor forma de tratamento depende de diversos fatores que podem ser avaliados por um especialista em aneurismas cerebrais junto com o paciente e seus familiares.
Prevenção dos Aneurismas Cerebrais
Não existem remédios que tratem os aneurismas, mas medicamentos e mudanças do estilo de vida podem ser eficazes para preveni-los.
O princípio básico da prevenção é controlar aquelas fatores que aumentam o risco de desenvolver aneurisma cerebral. Assim, fazer acompanhamento médico regular é essencial para identificar precocemente e tratar de maneira correta condições importantes, como a pressão alta (hipertensão).
Além disso, o hábito de fumar tem íntima relação com a formação, crescimento e ruptura de aneurismas e deve ser evitado. A ajuda médica também é importante nesse caso, já que é possível apoiar o processo de parar de fumar com apoio profissional e medicamentos.
A prática de atividade física regular é fundamental para manter uma vida saudável e ajuda a controlar a pressão arterial e prevenir aneurismas.
Pessoas que tem condições que sabidamente aumentam o risco, como predisposição genética, precisam de acompanhamento médico mais próximo e podem ter indicação de exames de imagem periódicos para rastreio de aneurismas e de outras lesões cerebrovasculares.
Em resumo, as melhores estratégias para manter boa saúde, como atividade física, hábitos saudáveis e acompanhamento médico regular, também são úteis para prevenir aneurismas.
Quais os tratamentos dos aneurismas cerebrais?
Aneurismas cerebrais podem crescer e romper ao longo da vida. Por isso, todo aneurisma deve ser avaliado quanto à necessidade de tratamento cirúrgico ou intervencionista. Não existem medicamentos que possam resolver os aneurismas, mas temos várias formas de tratamento em busca da cura, que podem ser por cirurgia aberta ou de forma minimamente invasiva, por dentro dos vasos.
Todo aneurisma precisa de cirurgia?
Antes de entrar nos detalhes de cada tipo de abordagem, é importante lembrar que nem todo aneurisma precisa de tratamento cirúrgico. Como a maioria dos aneurismas não rotos são diagnosticados por acaso, é essencial que o paciente seja avaliado por médico especialista em aneurismas cerebrais para que possam discutir os riscos e benefícios do tratamento.
A decisão de tratar ou não depende de muitos fatores, como:
- Idade do paciente
- Desejo do paciente
- Etnia do paciente
- Comorbidades
- Estado geral de saúde e expectativa de vida
- Localização do aneurisma
- Formato e tamanho do aneurisma
- História pessoal ou familiar de hemorragia por aneurisma
- Viabilidade técnica do tratamento
Seja qual for a modalidade de tratamento, ela tem seus riscos que devem ser levados em consideração. Por isso, apenas aneurismas considerados de alto risco de ruptura (ou já rotos) devem ser tratados.
Mesmo quando não há necessidade de cirurgia ou tratamento endovascular, todo paciente com aneurisma cerebral precisa controlar os fatores de risco, como parar de fumar e controlar a pressão arterial.
Acompanhamento de aneurismas não tratados
Nos casos em que é optado por tratamento conservador, ou seja, por manter observação sem cirurgia, os aneurismas devem ser acompanhados regularmente. São indicados exames de imagem (como angiotomografia, angioressonância ou angiografia cerebral) que precisam ser realizados periodicamente para monitorar as características do aneurisma. Mudanças no seu tamanho ou forma ao longo do tempo podem indicar necessidade de tratamento.
Nesse acompanhamento, também deve ser garantido que o controle dos fatores de risco esteja adequado.
Tratamento de Aneurismas Rotos
Já o tratamento de aneurismas cerebrais que se romperam é sempre urgente. Nessa situação, ocluir o aneurisma é fundamental para prevenir um novo sangramento e piora do quadro, mas é apenas uma parte da complexidade do caso, que envolve monitorização em UTI, prevenção e tratamento de complicações até a reabilitação.
Para fechar o aneurisma, as técnicas usadas são as mesmas que a dos aneurismas não rotos: cirurgia aberta ou embolização com molas.
Tipos de Tratamentos dos Aneurismas Cerebrais
O objetivo do tratamentos dos aneurismas cerebrais é impedir a circulação de sangue dentro do aneurisma e, consequentemente, eliminar o risco de hemorragia cerebral, ao mesmo tempo em que mantem a circulação normal no cérebro.
Para atingir esse objetivo, o tratamento pode ser feito “por fora do aneurisma”, na cirurgia aberta, ou “por dentro do aneurisma”, no tratamento endovascular.
Ambas as modalidades são efetivas e seguras para evitar o sangramento do aneurisma e a escolha de qual é a melhor para cada paciente depende de uma avaliação cuidadosa, que leva em conta a viabilidade técnica de cada uma, as condições e preferências do paciente.
Com o rápido avanço tecnológico, o tratamento endovascular tem sido preferido para a maioria dos aneurismas, por ser menos invasivo, com menor taxa de complicações imediatas e recuperação mais rápida. Mas ainda existem situações em que a cirurgia convencional é indicada.
Cirurgia para aneurisma cerebral
A cirurgia aberta, também chamada de microcirurgia ou clipagem, é o procedimento mais antigo utilizado para tratamento dos aneurismas cerebrais, desde a década de 1930. De maneira simplificada, consiste na abertura de um corte no couro cabeludo e na retirada de um pedaço de osso do crânio, permitindo a visualização das artérias cerebrais. Após identificar o aneurisma, o neurocirurgião coloca um clipe de metal (como um grampo) na sua origem, para impedir que o sangue entre no aneurisma.
No final, o fragmento ósseo é recolocado e o couro cabeludo suturado. A cirurgia é realizada sob anestesia geral. Nos primeiros dias de pós-operatório, o paciente é monitorado em UTI e gradualmente pode retornar às suas atividades.
Embolização: Tratamento Endovascular para aneurisma cerebral
A embolização é o tratamento minimamente invasivo dos aneurismas cerebrais, que é realizado por dentro dos vasos sanguíneos, por isso também chamado de tratamento endovascular.
Nessa forma de tratamento sem cirurgia, o neurorradiologista intervencionista navega com cateteres a partir de uma pequena punção na virilha ou no braço até o aneurisma dentro do crânio.
Após chegar no aneurisma, existem várias técnicas diferentes que permitem ocluí-lo. A principal delas consiste em colocar pequenas espirais de platina, também chamadas de “molas”, dentro do aneurisma. As molas impedem que o sangue entre no seu interior e impede sua ruptura.
Essa técnica pode ser complementada por outras, que incluem o uso de stents, balões, diversores de fluxo e dispositivos intra-saculares, que são escolhidos caso a caso pelo neurointervencionista.
A embolização também é realizada sob anestesia geral. O primeiro dia de pós operatório é realizado na UTI, para monitorização, e a alta hospitalar acontece geralmente em 1 a 2 dias.
Embolização com Stents e molas
Stent é uma estrutura em formato de tubo em que as suas paredes são feitas de malha metálica, com furos que permitem a passagem de sangue. São feitos de ligas metálicas maleáveis e resistentes que permitem que sejam levados por dentro de finos cateteres até a circulação craniana.
Os stents já são usados na medicina há muitos anos. No caso da neurorradiologia intervencionista, são versões mais modernas, mais flexíveis e com tamanhos menores – o diâmetro de um stent varia entre cerca de 2,5mm até cerca de 4,5mm.
Função dos stents no tratamento dos aneurismas cerebrais
Dependendo da localização, do tamanho e do formato dos aneurismas, pode ser difícil garantir que as molas fiquem posicionadas de maneira estável no interior do aneurisma – qualquer deslocamento delas para os vasos têm risco de complicações. Nesses casos, usamos o stent como apoio permanente para garantir que as molas cumpram sua função de ocluir o aneurisma.
Outra função dos stents é dificultar que o sangue entre no aneurisma, potencializando a oclusão do aneurisma. Também diminui a chance de recorrência de aneurismas grandes.
Quando é necessário uso de stent?
De maneira geral, os aneurismas que tem colo largo, ou seja, aquelas que tem uma base ampla em relação ao seu tamanho, tem mais chance de precisarem de stent.
Durante a fase de planejamento do tratamento, o especialista em aneurismas cerebrais avalia as características do paciente, do aneurisma e da anatomia para escolher a estratégia que será utilizada, como uso de molas, microbalões, stents ou diversores de fluxo.
Como o stent é colocado no aneurisma?
Os stents são colocados junto ao aneurisma através de finos cateteres que são navegados pela circulação a partir de uma punção na virilha ou no punho. Como são maleáveis, os stents são levados fechados dentro desses cateteres. Quando o neurointervencionista escolhe o lugar correto, o stent é aberto e protege o colo do aneurisma.
Embolização de Aneurismas com Stent Diversor de Fluxo
Os diversores ou redirecionadores de fluxo são stents que apresentam cobertura metálica maior que os stents comuns. A malha dos diversores é mais fechada, formando uma espécie de túnel que dificulta a saída de sangue do seu interior – por isso o nome de redirecionador de fluxo.
Como o diversor de fluxo trata o aneurisma cerebral?
Como o stent diversor de fluxo dificulta a entrada de sangue no interior do aneurisma, ocorre trombose progressiva do aneurisma até sua completa exclusão da circulação sanguínea. Em alguns casos, usamos molas juntamente ao diversor, acelerando o processo e dando mais segurança ao tratamento.
Quando o diversor de fluxo é indicado?
Os diversores de fluxo revolucionaram o tratamento dos aneurismas porque permitem a resolução completa de aneurismas que antes precisavam de cirurgia aberta ou sequer teriam tratamento. Suas indicações crescem cada vez mais conforme a tecnologia e as técnicas se aperfeiçoam.
Atualmente, são mais indicados principalmente para o tratamento de aneurismas grandes ou gigantes, aneurismas complexos, aneurismas de colo largo ou nos quais as outras técnicas não podem ser utilizadas.
Preparo para uso de stents e diversores de fluxo
Como os stents são estruturas metálicas estranhas ao corpo, são necessários medicamentos que evitam a formação de coágulos sobre o metal. Essas medicações, chamadas antiagregantes plaquetários, como AAS, clopidogrel, ticagrelor e plasugrel, são iniciadas alguns dias antes do tratamento e devem ser mantidas por alguns meses após.
Qual o risco do uso de stents?
Os stents neurológicos são seguros e eficazes no tratamento de aneurisma cerebral quando bem selecionados pelo neurradiologista intervencionista. Apesar disso, os principais riscos são de deslocamento do stent ou de formação de trombos do seu interior, que felizmente são exceções.
Dúvidas comuns sobre Embolização de Aneurismas com Stent e Diversor de Fluxo
Como é o preparo para stent para aneurisma cerebral?
Além do preparo geral para tratamento de aneurismas, o uso de stent requer o uso de medicamentos que diminuem a formação de coágulos. Essas medicações são prescritas nas consultas de orientação para o tratamento.
Quanto tempo dura o stent de aneurisma cerebral?
Os stents não são absorvíveis e ficam para sempre onde foram liberados. Com o tempo, forma-se uma camada do vaso sanguíneo que recobre o stent e o “incorpora” a parede da artéria.
Quem tem stent pode fazer atividade física?
Sim. Após um período inicial de repouso necessário após qualquer tratamento de aneurisma, não há contraindicação para a prática de atividades físicas para quem tem stent ou diversor de fluxo.
Quem tem stent pode fazer ressonância?
Sim. Os materiais utilizados para a embolização de aneurismas cerebrais, como molas, stents e redirecionadores de fluxo são compatíveis com ressonâncias.